Luz matinal, vai e vem no transito, e famílias a caminho da praia, parecia mais um dia tranquilo...
Foi impressionante perceber uma família com livros abertos no meio de uma muvuca grandiosa, vendedores de camarão e queijo, garçons de quiosques a vender e atender turistas avermelhados e espalhados na areia da praia... Sim!!! Um caos organizado debaixo de um céu que deveria brilhar loucamente com o sol, mas que apresentava um tom cinzento.
Descobri que entre os leitores, havia uma senhora que apesar de religiosa, lia tranquilamente a obra de um ateu "Sartre", já a adolescente lia Manuel Bandeira uma Antologia poética, o rapaz aparentava uns quarenta anos, esse lia Quarup de Antonio Calado, mas de repente chega uma cerveja , outra cerveja e os livros ficaram sobre a mesa. Conversavam com empolgação mas sem perderem de vista mais dois adolescentes que se esbaldavam nas ondas, e uma intimidade fingida com o garçom aparecia por vezes na tentativa de serem bem tratados...
Aquele convívio fraterno, alegre, quase santo, parecia sólido e estável, mas a chuva começou fazendo com que as pessoas se refugiassem debaixo de algumas árvores, ou coberturas próximas, e alguns sorrisos
já não eram mais percebidos e sim expressões de apreensão e o corre corre era pra levantar acampamento, e não mais atrás da bola ou de uma onda perfeita.
Um choro foi percebido, o cansaço daqueles que serviam também ficou nítido, discussões aqui e ali, sujeira na areia...
Aquelas almas, sedentas de prazer, e de satisfações que as levassem pra longe de preocupações, pareciam atordoadas numa mescla de sensações que as cegavam, impedindo a percepção de uma elasticidade inerente a elas... Elasticidade tal, que abarcaria um dia perfeito, ou ruim., um amor ou amores, alegrias e dissabores, e qualquer idiossincrasia... Ouvi alguém perguntar por que o outro gostaria de ganhar mais anos de vida e a resposta foi - "Para cometer mais erros..."
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