Silvia nasceu na primavera, sua mãe Olga não aguentava de tanta alegria, era uma mulher bonita e atraente, tinha feito faculdade e adorava ler. Quando a filhota chegou ao mundo, Cesar seu esposo enchia a cara com amigos assistindo futebol, e a tarefa de buscá-la na maternidade ficou ao encargo de João, seu irmão amoroso que não via a hora de conhecer sua sobrinha adorada.
Cesar sonhava com um filho e quando soube que teriam uma menina, afastou-se da mulher e tudo que dissesse respeito à gravidez, os familiares de Olga nunca souberam o porquê do casamento dela com aquele sujeito. Tio João e Olga sempre foram muito presentes na educação de Silvia, principalmente depois das tentativas frustradas do pai da menina de ensiná-la futebol e seu fanatismo por seu time, ela cresceu ouvindo histórias que a mãe contava, tornou-se delicada mas cheia de vontade, praticou vários esportes, estudava assiduamente e na juventude seu corpo era de causar inveja.
No início do Ensino Médio, Silvia conheceu Dalila, e estudaram juntas até o fim do terceiro ano, planejaram quais roupas usariam e com que rapazes poderiam ficar. Na sala delas tinha uma garota peculiar que chamou a atenção de Silvia algumas vezes, por ser linda, nunca sair com nenhum garoto, ter uma inteligência rápida, ler muito, viver isolada e observar tudo e a todos, essa era Cássia.
O terceirão ficou uma loucura, especularam sobre vários tipos de festa de formatura que fariam, e decidiram alugar uma casa gigante e a festa de formatura seria regada a muita bebida, música, ficadas e "aditivos"... Dalila sempre se achou mais descolada que Silvia por ter transado e saído com vários rapazes, insistiu diversas vezes pra que a amiga se iniciasse sexualmente mas sem sucesso, "o momento certo" foi o que sempre ouviu de Sil.
A tão esperada formatura e comemoração chegou e logo após as formalidades os alunos e convidados, que não incluía os pais, foram pra casa que já decorada aguardava o início do "auê". Depois de algum tempo vários jovens já embalados, se pegavam pela casa, Cássia, como sempre a observar, percebeu Dalila deixando Silvia bem alta de bebida em um sofá e indo conversar com alguns jovens que apontando pra Sil e rindo, subiram as escadas que levavam pra alguns quartos. Dalila falou algo no ouvido de Silvia que após minutos sentada, sobe as escadas também, Cassia tomou uma, duas, três latinhas de cerveja, fuma alguns cigarros, e vê Dalila descer com um sorriso maligno no rosto sem a amiga. Desconfiando do que acontecia lá em cima, anda rápido e dá um esbarrão em Dalila e olha fundo nos olhos dela, e continua pela escada, entra em vários quartos e vários enganos, diversos casais transando até que de supetão entra num quarto e vê quatro marmanjos dando gargalhadas enquanto a linda Silvia amarrada e vendada na cama, chora, talvez de ódio, vergonha ou desespero com suas peças intimas rasgadas e suas roupas jogadas ao lado da cama.
- Então é assim!!! Filhos da puta, usam a colega dela e armam pra cima da garota, sumam da festa agora ou chamo a polícia...
Os rapazes saem pegando as roupas e correndo do quarto enquanto Cássia tenta acalmar a garota. Ficaram as duas até amanhecer no quarto e quando não ouviam nenhum barulho desceram e Silvia foi levada pra casa. Vários dias se passaram, Olga se preocupava pois a filha não saia de casa, mas pelo menos uma conhecida aparecia pra conversar com Silvia, Cassia. Elas descobriram as artimanhas de Dalila e conversavam horas, infelizmente o ogro do pai de Sil se irritou com as visitas e resolveu ir até o quarto da filha.
- Não vou denunciar ninguém Cássia, to tão triste que não tenho forças pra enfrentar mais um monte de preconceito e problemas...
Cássia senta na cama e bem próxima da nova amiga abaixa a cabeça e não sabe o que dizer. As duas eram lindas e naquele momento o sol brilhava entrando pela janela deixando a silhueta delas impressionante como numa fotografia de cinema, se abraçaram e quando perceberam que seus corações estavam disparados as duas lentamente vão se afastando mas com os rostos colados, param por segundos e Cássia segura com carinho o rosto de Silvia, que sente a respiração ofegante da amiga, as duas abrem os olhos e como se lessem a alma uma da outra, entregam-se a um beijo apaixonado ao ponto de não perceberem Cesar abrir a porta.
A amiga de Silvia é expulsa de casa e Silvia é espancada pelo pai, que ao acordar para o trabalho encontra Olga chorando na cozinha e lhe diz:
- Ficou uma carta pra mim e esse bilhete pra você...
Cesar abre o bilhete sem entender e Silvia lhe deixou escrito:
- É isso Cesar, fique com seu teatro de pão e circo, "cachaça, bunda e futebol"!!! Ahh!! e não deixe de dizer adeus pro seu amigo pinto, ou pênis, se achar melhor de entender seu idiota...
òtimo conto, com um péssimo final....repense o desfecho de suas obras...na maioria das vezes vc parece querer "estragar" de propósito...seria uma necessidade de auto-sabotagem??? Pense nisso...
ResponderExcluirNão é necessidade de sabotagem, mas só desejo de desmascarar a violência, que alguns entes "queridos" infligem em nome de uma falsa moral, aos seus queridos, como aconteceu com a garota que me inspirou a escrever este conto. Foi espancada e expulsa de casa, por causa de uma mentalidade obtusa. Não acho que muitos hoje em dia gostem de tragédias e muito menos as entendam, por ser a desgraça algo normalizado no cotidiano por entretenimento barato, não sei quais são suas referências literárias, eu gosto de ler, e tento escrever, gostei de sua opinião por ser sincera, mas o final que você acha bom pode ser de péssimo gosto pra mim, não posso desprezar seu ponto de vista por não conhecer suas referências e nem entender o que procurava no fim do meu texto, se tiver uma dica de como poderia ter terminado o conto gostaria muito de saber, valeu por visitar o blog e dar sua opinião.
ExcluirMinhas referências sãos clássicos e contemporâneos nacionais( Machado de Assis, José de Alencar, Jorge Amado, Paulo Leminski,Jô Soares, Augusto dos Anjos,etc) e internacionais ( Kafka, Dostoiévski, Gorki, Sthendal...) dos quais, em sua maioria, têm uma visão realista/pessimista em seus contos/poesias. Apesar de minha formação ser em literatura, além de gostar muito da mesma, não sou especialista no assunto. Mas quando fiz a crítica a fiz não quanto ao conteúdo, mas à
Excluirforma. Existem milhares de formas de vc explicitar ou denunciar algo asqueiroso, mas isso pode ser feito com graça, não concorda? E vc tem o poder da graça na escrita, porém, reafirmo, parece querer estragar de propósito...Como se não fosse merecedor de "dar certo". Dica: Leia o Cemitério de Praga, de Umberto Eco. Chega a ser asqueiroso...mas com a graça de um mestre da escrita! Abraços, Leitor.
Obrigado por responder, e garanto que vou procurar o livro do Eco, gostaria de poder conversar mais sobre a questão da forma que você mencionou, meu e mail é rogersofia@hotmail.com, ficaria feliz em podermos trocar figurinhas... valeu pela dica e se puder me indicar algum livro que fale sobre o assunto ficarei grato, abç!!
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